terça-feira, 2 de setembro de 2008

CICLO: "CINEMA E FILOSOFIA – Andrei Tarkovski”

Promoção do Curso Livre de Filosofia: “CORUJÃO”
“ANDREI RUBLEV” – “Andrei Rublev”
Dia: 19 / 09 / 08 (sexta-feira) - 19h – Debate após a Exibição
Direção: Andrei Tarkovski
Ano: 1966 - (União Soviética )
Elenco: Anatoly Solonitsin, Ivan Lapikov, Nikolai Grinko..
Sinopse: Andrei Rublev é um pintor de ícones na Rússia do ínicio do século XV. Encarregado de pintar as paredes da Catedral da Anunciação, no Kremlim. Ele trabalha sob a direção do mestre grego Téofanes. Este, é atormentado pela crueldade da época que atribui a ira do Céu, enquanto que Rublev acredita no livre arbítrio. Esta obra-prima do cinema-russo, com uma elevação espiritual e senso plástico deslumbrante, mostrou ao mundo, um jovem e promissor cineasta, Andrei Tarkovsky
205 min
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“SOLARIS” – "Solyaris”
Dia: 20 / 09 / 08 (sábado) - 16h-
Debate após a Exibição
Direção: Andrei Tarkovski
Ano: 1972 - (União Soviética )
Elenco: Natalya Bondarchuk, Donatas Banionis, Jüri Järvet, Vladislav Dvorzhetsky.Sinopse: Solaris é um filme de ficção científica, que aborda com extrema profundidade o problema do tempo, da memória. Coloca o problema do sentido da existência, do amor, da natureza do pensamento, desconstruindo as formas reflexivas e recognitivas do conhecimento especulativo e científico e da razão prática ou moral humanos. 165 min
NO MIS - MUSEU DA IMAGEM E DO SOM
AV. ANDRADE NEVES, N° 33, CENTRO - CAMPINAS

Da geração e corrupção do poema









domingo, 27 de julho de 2008




O paradoxo das latinhas


A pergunta mais comum para quem ingressa num curso de filosofia é: pra quê serve isso? Na tentativa de exemplificar a imensa utilidade da filosofia produzida no Brasil hoje, perguntamos ao primeiro e único filósofo brasileiro, Genivaldo de Hidrolândia, como a Filosofia responderia ao paradoxo proposto pela canção popular da célebre banda de axé “Banda Beijo”:
Quer aprender/Pegue uma latinha/e bate uma na outra/Tcha Tcha Tcha Tcha/Segure o reagge/Não sussegue/Se entregue a essa viagem louca/Venha de lata negão/No meio da multidão/Se não tem lata, improvisa,/bate na palma da mão (BEIJO, Banda. Bate lata: Carnaxé folia, Bahia, 2005)


O paradoxo seria: como é possível o tcha tcha tcha tcha pegando “uma [única] latinha” e batendo “uma na outra”?


Primeiramente, Genivaldo mostra como os principais filósofos tentariam solucionar o paradoxo. Em seguida, ele apresenta uma resposta definitiva à questão a partir de sua própria Filosofia.


Platão: Para Platão, a idéia da segunda latinha pré-existe à existência material de ambas as latas. A ausência material da segunda latinha é um mero defeito do mundo sensível. Isso prova que não devemos confiar nos sentidos.


Aristóteles: Para Aristóteles, como o vazio não existe, a segunda lata é em potência na primeira. Uma vez que o lugar natural da segunda lata é a primeira, o tcha tcha tcha tcha produzido pelo bater das latinhas é a atualização daquilo que era em potência.


Descartes: Penso na segunda lata, logo ela existe. Deus, que é infinitamente bom, garante a correspondência entre o meu pensamento e a existência da segunda lata.


Hobbes: Na ausência de um poder Soberano, as latas se encontram numa guerra de todas as latas contra todas as latas. Supondo que haja no mundo mais que uma lata, em algum momento elas colidirão, produzindo o tcha tcha tcha tcha, donde se diz que a lata é o lobo da própria lata.


Hume: Ao ouvir o tcha tcha tcha tcha, inferimos pelo hábito que a segunda lata existe como causa do som produzido.


Newton: Na Filosofia Natural não há lugar para hipóteses, mas as proposições são deduzidas a partir dos fenômenos. Portanto, a partir do fenômeno do tcha tcha tcha tcha concluímos que a segunda lata existe.


Kant: A segunda lata é a condição transcendental do tcha tcha tcha tcha.


Genivaldo:Para um entendimento completo da resposta seria necessário que o público brasileiro estivesse familiarizado com a minha filosofia, que ainda não se encontra vertida para o português. De forma sumária, a solução se apresenta da seguinte forma: como a vontade de foder não passa nem fodendo, não há paradoxo, pois o tcha tcha tcha tcha pode ser produzido por uma, duas ou dez latinhas (dependendo da disposição das latas).


Programação da Escola Livre de Filosofia – segundo semestre de 2008

AGOSTO: ciclo sobre o cinema de Eisenstein1-a linha geral (1928)2-alexandre nevsky (1938)3-Ivan o terrível I (1942-1945)4-ivan o terrível II
SETEMBRO-outubro: curso de introdução à filosofia da arte ( a ser confirmado até a primeirasemana de agosto, caso contrário [curso introdução ao pensamento de Marx]
NOVEMBRO: ciclo de palestras com professores

CONSPURCAR BANDEIRA

Estou farto da filosofia comedida

Da filosofia bem comportada

Da filosofia funcionário público com livro de ponto expediente

protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.

Estou farto da filosofia que pára e vai averiguar no dicionárioo

cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universaisT

odas as construções sobretudo as sintaxes de exceção

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto da filosofia namoradora

Política

Raquítica

Sifilítica

De toda filosofia que capitula ao que quer que seja

fora de si mesmo

De resto não é filosofia

Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante

exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes

maneiras de agradar às mulheres, etc

Quero antes a filosofia dos loucos

A filosofia dos bêbedos

A filosofia difícil e pungente dos bêbedos

A filosofia dos clowns de Shakespeare

— Não quero mais saber da filosofia que não é libertação.

Carta de princípios d’O Corujão

Escola Livre de Filosofia

“O pássaro de Minerva alça vôo ao entardecer”
O Corujão é uma escola livre de Filosofia(1). A escola é proposta e mantida por estudantes de Filosofia(2). O Corujão é o confronto da academia com a cidade(3). O curso-gratuito é o meio de realização da escola(4).

1- O Corujão é uma Escola no sentido clássico, que visa não a transmissão, mas a construção do conhecimento. Como Escola, não reproduz meramente a técnica da academia, embora sejamos herdeiros da Filosofia universitária brasileira.
2- A escola se organiza por meio de um Comitê aberto, formado por estudantes de graduação e pós-graduação e alunos da própria escola. O Comitê propõe e avalia as propostas de cursos de acordo com a presente Carta e com o perfil dos alunos. Apenas o Comitê reunido responde pelo Corujão.
3- O espaço da escola é a universidade e a cidade. Na universidade pública, cada vez mais espaço de uma minoria privilegiada, nosso objetivo é que a cidade a ocupe para que assuma seu caráter público. A cidade, por sua vez, vazia política e culturalmente, onde a única cultura existente assume a forma mercadoria nos shoppings e demais espaços da elite, é o lugar em que confrontamos o conhecimento acadêmico com as contradições urbanas. Com isso, buscamos instaurar a contradição na universidade, não dissolvê-la na cidade, mas explorá-la, dando-lhes conteúdo e direcionamento político.
4- O Curso-Gratuito é uma forma concreta de produzir conhecimento que não seja mercadoria. Não se trata de um projeto filantrópico que visa iluminar os desfavorecidos com a Filosofia, tampouco de dar um verniz humanístico para a burguesia. O Curso-Gratuito é um modo de pensar, ensinar e fazer Filosofia.

Campinas, 29 de junho de 2005.